A Construção da Imortalidade por Benedito Ramos Amorim
A Construção da Imortalidade por Benedito Ramos A
É possível que o medo de ser esquecido é bem maior que o medo de morrer. O primeiro é, meramente espiritual, o ser humano transcende a linha do tempo entre o nascimento e a morte. O segundo é o medo de perder o corpo físico diante do final iminente de sua caminhada no planeta Terra. Por outro lado o esquecimento é uma espécie de degredo do espírito que qualquer um pode experimentar, mesmo em vida. O artista das letras, o escritor ou criador, carrega o fardo da incerteza de sua imortalidade durante a vida. Construir essa imortalidade é a sua missão. Uma missão solitária e muitas vezes narcisista, ciosa pelo que faz. É nesse limiar entre o sagrado e o profano, onde reside a imortalidade. Essa mesma imortalidade alcançada por Augusto dos Anjos, Cora Coralina ou mesmo Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho, um quasimodo na sua deformação causada por uma doença até hoje um mistério. Imagine que Augusto dos Anjos escreveu um único livro intitulado: “Eu”. Com apenas essa obra o autor se imortalizou. Quem imaginaria que aquela doceira de Goiás octogenária fosse a poetisa Cora Coralina.
A centenária Academia Alagoana de Letras reúne entre seus consócios autores dedicadíssimos à poesia e à prosa poética, romance, novela, conto, critica literária, ensaio e outros gêneros. Não obstante, os periódicos impressos cerceiam os espaços disponíveis no jornal impresso criando limites à criatividade. Eis a importância dos blogues, quando as tecnologias apocalípticas do terceiro milênio nos privam das edições impressas adotadas pela civilização ocidental desde o início da Idade Moderna, marcada pela queda de Constantinopla em 1453, para ser mais preciso, com a impressão da Bíblia de Gutemberg. O jornal impresso perdeu velocidade e custo financeiro para o jornal digital.
É por estas e outras, que nosso atual presidente Rostand Lanverly não cansa de repetir que a “Academia Alagoana de Letras… na sentença do imortal Presidente Ib Gatto Falcão: não é seu edifício sede e nem os livros, a Academia somos todos nós”. Não pela vaidade pessoal de compor a assembléia de sócios vitalícios, como para dividir o seu brilho pessoal com aquela instituição. Dessa forma, cada um de nós tem a missão de se fazer lembrar.
Eis o motivo para que esse blogue “Letras Alagoanas” seja, não apenas, um registro da produção literária chancelada pela Academia Alagoana de Letras, como também seja um observatório do que se produz extramuros por nossos convidados.
Sobre o autor:
Benedito Ramos Amorim
Pesquisador, Crítico de Arte e Coordenador de Ação Cultural e Social da Associação Comercial de Maceió, tem livros publicados a partir de 1974: Mona Lisa Um Autorretrato de Leonardo da Vinci - Pesquisa, em 1979 Lamento Derradeiro que recebeu o Prêmio Moinho Nordeste da Academia Alagoana de Letras – Contos, 2003 A Construção do Palácio do Comercio – Pesquisa, Edufal, 2005, Um Amor Além do Tempo – Romance, HD Livros, 2006, Doce de Mamão Macho – Novela, Editora Catavento. Articulista em diversos jornais da capital alagoana desde 1976, no extinto Jornal de Alagoas desde 1976, a partir de 2002 no O Jornal e Jornal Gazeta de Alagoas. Prêmio Graciliano Ramos da Academia Alagoana de Letras com o romance inédito Pensamentos Mágicos em 2006, ano em que assumiu a cadeira número 9 da Academia Alagoana de Letras. Editor por 5 anos do jornal O Palácio publicado pela Coordenadoria de Ação Cultural e Social da Associação Comercial de Maceió. 2019 Prêmio Editora Gracialiano Ramos com edição dos livros, Nadi e 2ª Edição do livro Doce de Mamão Macho.