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Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes

Seu Aleixo e as duas rurais

29/12/2022

Seu Aleixo e as duas rurais

Seu Aleixo e as duas rurais

Na nossa época de menino, as farmácias. quase não existiam na nossa cidade, nem tampouco nas outras vizinhas e também nos povoados próximos que não tinham aqueles medicamentos receitados pelos médicos para atender as necessidades do povo que procuravam aliviar as suas dores, as aflições e até curar as doenças, receitados por doutor Clodolfo, médico santanense, e de outros profissionais que passaram em nossa Santana do Ipanema. (Lembrei Moreninho, não era médico) Tempos difíceis, poucas opções. A capital, Maceió, 220 km de distância, estrada de rodagem, 10 horas no mínimo para chegar lá. Povo sofrido, sem assistência necessária em termos de tudo, pelos órgãos responsáveis a nível de governo, como sempre a gente ver no curso dos anos que se vão. Voltamos agora à nossa cidade:

No momento da presteza, com muita educação para atender seus pacientes, sempre rindo, doutor Clodolfo, médico, com pausa e paciência, com olhar penetrante, nos observava, apertava as nossas mãos, verificava o bater do coração, o pulsar, o pulmão apertando um aparelho, que mandava a gente inspirar e expirar. Pronto. Voce tá quase novo rapaz!

Diziam que ele tinha um olho clínico.Tinha, sim, a meu ver. Sempre acriditei. Foi médico da nossa família. Grande Maçom .Seus remédios foram eficientes e saudáveis. No final da consulta apontava a porta, dizendo: vá e volte para um abraço fraternal.

Bons tempos. Pois bem, com sempre, quase poucos fazem essa pausa. Veremos agora:

O Seu Aleixo, era dono de uma pequena farmácia que se estabeleceu em Santana, na nossa Rua Nova, quando a gente era menino, palco das nossas brincadeiras. Ele, de procedência pernambucana, com muita experiência no comércio de medicamentos, conseguio fazer uma sociedade com Genival Tenório e Seu Zeca Farias, e daí evolui para a farmácia dos Pobres, que concorreu com eficiência, com as poucas outras existentes na época. Seu Zeca, era um enfermeiro profissional, com destaque, pois seu sorriso era o cartão postal da farmácia. Certa vez, lembro que tomei uma injeção com ele e fiquei fora num momento de quase desmaio. Seu Zeca, me botou de cabeça para baixo na maca e me recuperei rapidamente. Era comum esse procedimento. Ele sabia.

Das duas rurais, de Seu Aleixo, uma começou a dar problemas mecânico. Consertava. Daí, em tempo, Seu ALEIXO, comprou uma versão nova e a colocou na garagem, aos fundos da nossa rua, bem próxima aos fundos da nossa casa lá em Santana, das minhas lembranças. Passou muito tempo e o veículo, sempre com cheiro de novo permanecia na garagem, e a molequeira perguntava sempre: Seu ALEIXO, quando vai inaugurar?

ELE respondia: quando gastar a outra.